É uma tentação... Estudiosos sempre querem comparar a revolução eletrônica com a Revolução de Gutenberg. Por volta de 1450, só podíamos reproduzir um texto copiando-o à mão. Dá para imaginar? De repente, surgiu uma nova técnica baseada nos tipos móveis e na prensa que transformou a relação com a cultura escrita. No século XX, assistimos a uma revolução eletrônica que vem quebrando barreiras e paradigmas. E para não ficar para trás, o sistema de ensino está descobrindo novas formas de ensinar. Afinal, os alunos têm outro perfil, necessidades e interesses. E o professor?
Está no Aurélio: professor é aquele que ensina uma ciência, arte, técnica; mestre. Antigamente, havia uma imagem muito consolidada no imaginário coletivo: a do professor como o mestre que detém todo o conhecimento. Hoje, as ferramentas tecnológicas desconstroem esse personagem. Em sala de aula, de um lado estão os alunos com o Google, redes sociais, celulares, notebooks e o tempo ao seu favor. Do outro, professores com experiência em práticas pedagógicas e... quadro-negro e giz?
Não precisa muito para saber que há algo errado nesta cena. Para o doutor em Educação pela PUC-SP, João Luis de Almeida Machado, os professores precisam descobrir como usar as ferramentas para melhorar as aulas. “É um caminho sem volta. Não dá para imaginar que a escola possa abrir mão dessas ferramentas. Aos professores compete descobri-las, entendê-las e adaptá-las ao trabalho que desenvolvem.”
Mediando o conhecimento
Esse novo papel do educador não parece tão novo para o Professor Ruy Ferreira, da Universidade Federal do Mato Grosso. “Essa ideia do professor como o detentor do conhecimento sempre me incomodou. Hoje, a informação está disponível na internet e o professor facilita a busca do aluno. Creio que o melhor papel para o professor é mediar o conhecimento e aprender com essa situação. Se formos pensar, isso não é novo. É o que Paulo Freire sempre pregou. Todos aprendendo na interação ensino-aprendizagem.”
Para intermediar essas relações, as opções são variadas: redes sociais, blogs, twitter, lousa interativa, notebooks etc. Segundo João Luis, o importante é a racionalização desses artifícios. “Ainda há resistência dos professores, mas já melhoramos bastante. A questão é descobrir como a tecnologia pode ser uma aliada em sala de aula. Isso toma tempo, e os professores normalmente não têm muito tempo disponível para estarem online. Sem falar da infraestrutura das escolas. Nem todas têm equipamentos, conexões de qualidade.”
De um trabalho de capacitação de professores, surgiu a tese de doutorado de João Luis - “Escolhendo a pílula vermelha; blogs na formação de professores”. A teoria ganhou a prática. O blog, cujo endereço é www.escolhendoapilulavermelha.com.br, deu continuidade à formação dos mestres a distância. “Os professores demonstraram interesse em conhecer novas tecnologias, mas sabiam que depois, com o cotidiano, não conseguiriam usá-las. Propus a criação do blog, que ajudou a tirar dúvidas e enriqueceu a formação. Foi uma experiência muito agradável e produtiva.”
Com o blog o professor pôde estender o tempo de aula e estimular o hábito da pesquisa entre os usuários. “Conseguimos fazer um registro regular das atividades desenvolvidas em sala de aula. Aproveitamos o espaço virtual para incitá-los a ler o material de apoio e realizar atividades adicionais. Pelo blog, estávamos conectados o tempo todo. Em sala, de duas a três vezes por semana, e nos outros dias virtualmente”.
Atente-se para a tecnologia
E quem são esses alunos dos tempos virtuais? João Luis não hesita em responder: “São jovens muito visuais. Pesquisas indicam que o youtube é a segunda maior ferramenta de busca do planeta. Devemos pensar no que está indo para lá. Que informações estão disponíveis para os alunos acessarem? Infelizmente, estamos falando de alunos muito dependentes da tecnologia, que leem muito pouco. Eles demonstram agressividade porque socializam pouco, menos do que deveriam. E não praticam muita atividade física também. Precisamos trazer esses alunos de volta para nós”, acrescenta.
Se você ainda aderiu à criação dos blogs, veja como eles podem ajudar na sua aula. Depois, mãos à obra.
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