As palavras de todos os dias reunidas num ambiente virtual ganham outros sentidos. O desafio para os educadores é descobrir a melhor ferramenta para atrair os alunos e usar suas experiências online como suporte ao ensino. Ninguém duvida de que um estudante tenha mais facilidade para usar redes sociais do que um professor. A diferença é que cabe ao professor o conhecimento. Segundo o doutor em Educação João Luis de Almeida Machado, o educador deve aproveitar o interesse das novas gerações pela tecnologia para dar uma “vitaminada” na relação entre ambos. “Quando os alunos percebem que você está inserido no universo que eles gostam, os laços se estreitam”, diz.
Apesar do gosto pelo virtual, nem tudo o que vem da internet agrada. É o caso dos grupos de e-mails. “Eles ainda têm bastante resistência em relação aos e-mails. Consideram obsoleto”, observa João Luiz. E continua. “Para nós, continua sendo um objeto , uma vez que é o substituto do correio convencional. Criar uma rede de e-mails é uma prerrogativa que deve ser usada nas escolas.”
As redes sociais são um canal poderoso de comunicação e outra opção pedagógica que pode render bons frutos. Os professores podem ensinar que Orkut e MSN também têm uma finalidade educativa, indo além do bate-papo que cristaliza neologismos. Para o Professor Ruy Ferreira, da Universidade Federal de Mato Grosso, em dez anos iremos incorporar os termos oriundos das experiências “internáuticas”.
Uma nova aprendizagem
E não adianta resistir. “Minha resistência caiu quando meus filhos ensinaram a mãe a usar o PC. Nesse dia, notei que eles tinham algo a ensinar à minha geração. Parei e pensei: epa! Se eles que são o futuro usam com desembaraço, eu não posso perder a carruagem da História”, lembra. Isso foi em 1986.
Em 2009, Ruy Ferreira conversou com o Conexão pelo MSN e explicou que costuma tirar dúvidas de mais de 600 alunos da mesma maneira. “Este potencial deve ser levado em conta. Estar em muitos lugares ao mesmo tempo”. Para o professor, que passou alguns anos estudando o ambiente virtual para a sua tese de doutorado, na Unicamp, o blog é uma ótima ferramenta para quem está dando os primeiros passos no ambiente cibernético.
Com a tese “Interatividade educativa em meios digitais: uma visão pedagógica”, ele encontrou um modelo para tornar o meio digital um suporte à aula. “Eu uso várias ferramentas, dependendo sempre do conteúdo curricular e do perfil do aluno. As redes sociais são recomendadas para quem já possui melhor desenvoltura na internet”, avisa.
Outra ferramenta que tem um grande potencial é o Twitter, mas que ainda está sob avaliação. “Estamos pesquisando a melhor maneira de utilizá-lo em sala de aula. Um exemplo: o professor pode pedir que os alunos estejam online, no laboratório da escola, depois de algum trabalho ou leitura, e lançar perguntas objetivas sobre o trabalho para que eles possam responder. O aluno precisa estar atento, pois ele tem 140 caracteres para redigir a resposta. Foi um desafio para mim”, explica o professor.
Mudança de mentalidade
Quem imagina que a tecnologia é a salvação para o sistema educacional se engana. Ambos os doutores em Educação alertam: é a inteligência pedagógica que deve ser colocada em uso. “Algumas pessoas pensam a tecnologia como a resposta definitiva para a Educação. Eu, pessoalmente, entendo o valor e a importância dos recursos, mas penso a tecnologia como um recurso adicional, ao lado dos livros, da experiência e da formação do bom profissional, do cinema e outras tantas alternativas que contribuem para uma Educação de qualidade”, avalia Almeida.
De Mato Grosso, Ruy Ferreira reforça o recado aos professores. “Essa transformação é um caminho sem volta. Os luditas quebravam teares na Inglaterra da Revolução Industrial. Nem por isso eles impediram o progresso da indústria. Os professores deixarão a resistência de lado quando conhecerem as vantagens do emprego das tecnologias educacionais. O problema está na falta de informação e de formação. Precisamos de uma mudança de mentalidade.”
Mil e um recursos
À disposição de escolas e professores estão as bibliotecas virtuais, as aulas gravadas em streaming, as lousas interativas. O que falta são recursos financeiros para disponibilizar todas as ferramentas que estão no mercado. “Falta-nos pensar a Educação como os chilenos. Pensar na Educação como uma política de estado e não de governo. Ou pior, de ministro”, continua Ferreira.
Ao falar de mudanças, o Educador João Luis Almeida acrescenta mais um ator no cenário das transformações: a família. “Precisamos integrar os pais à escola, não só em questões de ementa, mas sim para o acompanhamento de perto e incentivo dos filhos. Cabe à família promover atividades culturais, incentivar a leitura, o contato com o cinema, o teatro, a dança e o esporte. Essa iniciativa gera ganhos para o aluno. O papel da família é decisivo e imprescindível”, conclui.
fonte: http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br/especial.asp?EditeCodigoDaPagina=2563
Nenhum comentário:
Postar um comentário