sexta-feira, 6 de agosto de 2010

A Internet - Crônica

 Nosso mundo é habitado por terráqueos. A Internet é um mundo virtual habitado por internautas. É fácil reconhecer um internauta nas ruas.

1º) Ele nunca pergunta seu endereço, quer saber do seu e-mail.

- Quer meu endereço?

- Não, me dá seu e-mail.

2º) Oferecer uma seqüência de 8 dígitos, sem a devida notificação prévia de que se trata do seu número de telefone, vai fazer o internauta entrar em parafuso tentando decifrar os insólitos mistérios daquele código numérico de 8 dígitos que você passou pra ele.

- Anota meu telefone pra me ligar mais tarde.

- Não, me dá sua ID do skype que te dou um toque assim que entrar no computador.

3º) Sempre tem uma identificação de telegrama virtual, a chamada "ID de mensageiro instantâneo". É um absurdo alguém não possuir uma ID dessas:

- Me passa sua ID do msn

- Não uso

- Você não tem MSN? Como faz para se comunicar com seus contatos?

4º) Eu disse contatos? Pois é, na Internet não existem amigos, existe a lista de contatos. Alguns até viram amigos, se tornam um "favorito" na lista de contatos.

Pode parecer confuso mas essas são algumas das lições que aprendemos nos primeiros minutos de Internet. Nem precisa fase de adaptação, o processo é automático. É bem simples. A sua amiga poderá lhe passar a seguinte dica até pelo telefone:

- Digita o endereço http-dois pontos-barra barra-alguma coisa-ponto com-ponto bê-erre. Vai no login, escolhe um nome de usuário e depois escolhe uma senha. Preeenche o formulário com seus dados e espera enviarem a mensagem de confirmação para seu e-mail. Do teu e-mail, você clica no link de confirmação e aguarda a resposta automática confirmando seus dados. É só isso, amiga. Não é facinho?

Você faz aquela cara de surpresa e solta um comentário padrão:

- Mas eu ainda não tenho e-mail.

A sua amiga provavelmente soltará algumas interjeições de espanto antes de finalmente recuperar a respiração e te perguntar em tom de acusação:

- Você não tem e-mail?!? Em que mundo você vive?

Meio sem graça, tente diminuir sua culpa respondendo simplesmente:

- Moro no terceiro planeta depois do Sol - a Terra. Conhece?

Não remoa pela memória escolar, suas aulas de geografia se ainda ouvir que "Terra não é um planeta, é um site de provedor de Internet". Não discuta. É inútil discutir com um internauta.

Aprendemos muito na Internet. Hardware e software são nossos primeiros passos no mundo virtual. Hardware são as peças que você compra para poder instalar o software. Software é o que diz pro seu computador o que ele deve fazer pra agradar você. Até que você sinta os possessos ataques da loucura, unificado com uma vontade quase obcessiva de atirar seu micro pela janela do septuagéssimo andar do Empire State, você não saberá o que é um software.

O hardware leva uma vantagem do software: ninguém precisa guardar o nome porque ninguém sabe exatamente para o que servem. Servem apenas para preencher o gabinete que o vendedor insistiu que você precisava adquirir para ter Internet. Você não sabe como, mas descobre que ele tem razão.

A Internet é cheia de vantagens. Nela não existem vizinhos. É um mundo perfeito! Tão perfeito que você pode visitar ao mesmo tempo, o Museu do Louvre, a Casa de Rui Barbosa e uma comunidade do Orkut.

Mas o que é uma comunidade do Orkut? É tudo que você imaginar. Numa comunidade as pessoas interagem, trocam idéias, marcam um almoço no seu restaurante preferido para se conhecerem melhor, batem papo e discutem sobre tudo.

Quer fazer marketing pessoal? É só participar da comunidade chamada "Eu sou Perfeita!". Precisa de uma companhia para aquecer a noite? Tem a "Disponivel no Mercado". Se você tem alguma cisma estranha, pode entrar na comunidade "Detesto Ruído de Pipoca" ou "Odeio Cara de Pastel". Tem comunidade para tudo que sua imaginação permitir: romanticas, explosivas, ardentes, informativas, patrióticas, conscientes, doentias, saudáveis, informativas, distintas, jovens, vulgares, políticas, esportivas...

Você pode conversar sobre tudo, desde a cor da sua roupa até o último ganhador do Prêmio Nobel. Quando entra numa comunidade, se torna uma ilha cercada de gente por todos os lados. A troca é riquíssima e exige mais do que nunca, o dom de saber ouvir. Opiniões contrárias às suas pipocam na Internet. Tem demonstrações de sentimentos, expressões faciais e posturas sociais que antes você não acreditava que pudessem existir.

Não se esqueçam que as comunidades são criadas e freqüentadas por pessoas, com seus defeitos e qualidades. Há o pacato, o cruel, o homem vestido de mulher, a mulher vestida de homem, o marginal, o homem de bem, o ético, o moralista e o mau caráter. Enquanto nas ruas estamos à mão da insegurança, no mundo virtual há regras e ações que te permitem navegar em total segurança. Você não depende da polícia para te proteger, você pode se proteger sozinha.

Perder sua senha equivale a dar a chave de sua casa ao ladrão. A moda agora é fazer clones, que nada mais é do que uma página pessoal sob o controle de outra pessoa. Algumas vezes, eles não conseguem a senha e tentam nos confundir montando uma página que é réplica fiel da sua. Não demoram muito a serem descobertos, mas até lá já nos provocaram alguns sustos.

Mundo real e virtual, convivendo lado-a-lado com as imperfeições humanas. Se por um lado, estas nos assustam; por outro, a Internet colabora muitas vezes mais com o desenvolvimento das relações humanas. Nunca foi tão fácil fazer amigos. E a amizade é o que torna mais rico, cada dia vivido.

Aloha! Namastê! Sawabona!

Sêmen de Gargalo

fonte: http://liberdadesutra.blogspot.com/2006/05/internet.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário